Bem Vindos!

Este blog surgiu com o propósito de compartilhar algumas reflexões de textos teóricos desenvolvidas no âmbito do Programa de Iniciação à Docência de Língua Portuguesa da Universidade Federal de Mato Grosso. Pretende, além disso, tornar público os eventos por nós promovidos - desde o inicio do projeto(2010) - e ainda os que estão por acontecer.

sábado, 17 de março de 2012








CICLO DE CONVERSAS ‘LINGUAGEM EM MOVIMENTO’

UFMT| 2°CICLO| 19 DE ABRIL > 09 E 16 DE MAIO 2012



Prezado(a) aluno(a), professor(a),

O PIBID/UFMT/SUBPROJETO DA LICENCIATURA EM LÍNGUA PORTUGUESA sob a perspectiva do movimento convidou professores das áreas da comunicação, da filosofia, da psicanálise e da literatura para conversar conosco através de palestras, o tema, A CONVERSA, do nosso 2°Ciclo De Conversas ‘Linguagem Em Movimento’.

ATENÇÃO

ASSISTA AOS VÍDEOS DO 2º CICLO DE CONVERSAS 'LINGUAGEM EM MOVIMENTO'
ATRAVÉS DO LINK ABAIXO:
Obrigada
A Organização



CICLO DE CONVERSAS ‘LINGUAGEM EM MOVIMENTO’

UFMT| 2°CICLO| 19 DE ABRIL > 09 E 16 DE MAIO 2012

Neste 2° ciclo queremos explorar o vocábulo MESA no sentido que Vilém Flusser atribui à palavra. Mesa não como metáfora, mas como método. Isto é: modos de comunicação. Por ocasião da busca, pois que o ciclo nos põe em movimento de espécie mágica, olhamos para o que está próximo de nós e vemos como nossos trabalhos em geral são organizados: em rede.  Se mesa, rede posso ser? Rede requer conexão, requer viver nas pontas dos processos, ser ponto. Estamos assim em clima de conectividade informacional; às vezes, comunicacional, por vezes mesmo infernal. Todavia, o ciclo é curvo, tem estados e consciências. Como um emaranhado de tempos, vai se fazendo com aquilo que aparece e das sombras que restaram.
O ciclo é possibilidade de antiprograma, pois o acaso e o movente não são evitados. É também tentativa de dessincronização do ritmo que marca atividades acadêmicas, pois as apresentações foram selecionadas pelo que foi visto espalhado no chão do colóquio anterior. O objeto de estudo é sempre objeto de valor: não se espera um momento singular para apresentá-lo em ‘situação de globalidade’. O objeto é diário, na corrente dos Cursos e da vida em andamento. O objeto pede este rito de apresentação helicoidal.
O mote da segunda edição do Ciclo de Conversas ‘Linguagem em Movimento’ é então dedicado à CONVERSA. Que também é a realização do feminino – daquilo que não pode ser tirado do Outro. A conversa é paisagem do incapturável.
O ciclo acontece no novo auditório do Instituto de Linguagens, no dia 19 de abril das 8h30min às 11h; no dia 09 de maio, das 14h30min às 17h e no dia 16 de maio, das 14h30min às 17h00min.

1ª CONVERSA: DA PERSPECTIVA DO POLVO: VER O MUNDO DO FUNDO DO MAR.

Dr. Gustavo Bernardo - Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Letras UERJ

VILÉM FLUSSER E AS EXPERIÊNCIAS DO “DESCOMPASSO” NA LINGUAGEM: O HOMEM É UM ESTRANGEIRO NO MUNDO.

Dra. Daniella Naves – Pesquisadora do FILOCOM Núcleo de Estudos Filosóficos da Comunicação ECA USP – Alemanha (participação através de vídeo gravado):


CONVERSA SUJA: O HORIZONTE COMUNICATIVO DA CONTAMINAÇÃO.
19 de abril, quinta-feira, 8h30min às 11h00min.



2ª CONVERSA: ENSAIOS E EXPERIÊNCIAS DE SI: EU, ESTE CAVALO FUGIDIO. COMO COMUNICÁ-LO?

Dra. Maria Cristina Teobaldo - Departamento de Filosofia UFMT


OS ENSAIOS DE MONTAIGNE E A FREQUENTAÇÃO DO MUNDO COMO UMA CONVERSAÇÃO.

Dr. Henrique de Oliveira Lee - Departamento de Psicologia UFMT


A ESCRITA DE SI, UMA CONVERSA ENTRE AUSENTES?
09 de maio, quarta-feira, 14h300min às 17h00min.

3ª CONVERSA: AMBIENTES INAUDÍVEIS E MOVIMENTOS LÁ DENTRO

Dr. Marco Bastos – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação Escola de Comunicação e Artes ECA-USP

A NATUREZA DA CONVERSAÇÃO EM BYTES ELETRÔNICOS: O JARDIM DAS DELÍCIAS.

Dr. Luiz Carlos Iasbeck Programa de Pós-Graduação em Comunicação/Programa de Pós-Graduação lato sensu em Comunicação Organizacional Universidade Católica de Brasília (UCB)

A CONVENIÊNCIA E A DEMÊNCIA NAS RELAÇÕES COMUNICACIONAIS NAS ORGANIZAÇÕES.
16 de maio, quarta-feira, 14h30min às 17h00min.



PROGRAMAÇÃO

1ª CONVERSA: DA PERSPECTIVA DO POLVO: VER O MUNDO DO FUNDO DO MAR.


Dr. Gustavo Bernardo - Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Letras UERJ

VILÉM FLUSSER E AS EXPERIÊNCIAS DO “DESCOMPASSO” NA LINGUAGEM: O HOMEM É UM ESTRANGEIRO NO MUNDO
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O que é um espelho? Se o pensarmos como uma “coisa”, podemos nos contentar com a definição ou do dicionário ou do vendedor de espelhos.  Se, todavia, o quisermos pensar filosoficamente, portanto como um ser, precisaremos defini-lo dessa maneira: “o espelho é um ser que nega”. Segundo Vilém Flusser, o espelho reflete porque não nos deixa atravessá-lo, devolvendo-nos apenas uma imagem invertida e menor. Nesse sentido tão ótico quanto metafórico, refletir implica negar. As respostas que o espelho articula para nós são negativas, porque ele inverte as perguntas que recebe. Ora, o homem, enquanto ser que reflete, também é um ser que nega: não permite que aquilo que sobre ele incide o atravesse. O homem pensa para negar. Eu penso para negar, você pensa para negar. O ser humano é o espelho do mundo ao lhe atribuir sentido, mas também se poderia dizer que o ser humano é a negação do mundo, ao não aceitar o que vê. Como disse algures Dostoiévski, somos humanos e livres apenas enquanto é possível dizer “não” à realidade. Todavia, negar a realidade do mundo é perigoso, como sabemos, se implica negar o que nos sustenta e significa. O perigo do espelho, Narciso o viveu, ao ponto de se transformar em um narciso, ou seja, numa planta. É disso que vamos falar.

Dra. Daniella Naves – Pesquisadora do FILOCOM Núcleo de Estudos Filosóficos da Comunicação ECA USP – Alemanha (participação através de vídeo gravado - contato: dani.schroeder@gmail.com):

CONVERSA SUJA: O HORIZONTE COMUNICATIVO DA CONTAMINAÇÃO.


O trabalho tem como tema a conversa suja e seus espantos. O ponto de partida é de inspiração flusseriana, extraído mais precisamente do livro Vampyrotheutis Infernalis, lançado recentemente no Brasil, em que o Outro é tratado sob uma perspectiva infernal, ou seja, perspectiva de polvo, de vampiro, de diabo. No entanto, não se trata de um trabalho sobre flusser: o fio condutor é a ideia de contaminação como horizonte para a comunicação. Por isso, procura-se também apoio em textos tanto teóricos como literários de Nietzsche, Sarah Kofman, Camus e Le Clézio. A tentativa é de responder, a partir de várias direções e abordagens, a questão: até que ponto é possível conversar e estabelecer comunicação com um outro-extremo, com o estrangeiro máximo? Como lidar com o nojo, outro nome para náusea existencial, advindo desse encontro? Como lidar com o medo de se sujar, de se misturar, de ser confundido, de sair de si?
19 de abril, quinta-feira, 8h30min às 11h00min.


2ª CONVERSA: ENSAIOS E EXPERIÊNCIAS DE SI: EU, ESTE CAVALO FUGIDIO. COMO COMUNICÁ-LO?


Dra. Maria Cristina Teobaldo - Departamento de Filosofia UFMT


OS ENSAIOS DE MONTAIGNE E A FREQUENTAÇÃO DO MUNDO COMO UMA CONVERSAÇÃO.


“O mais proveitoso e natural exercício de nosso espírito é, em minha opinião, a conversação.” Montaigne, Ensaios, Livro III.
A experiência da conversação, quando ampliada pela diversidade dos interlocutores, da história dos homens e das culturas de diversas épocas e lugares, redimensiona os pontos de vista formados a partir do familiar e do habitual e abre espaço para novas perspectivas, revelando a tensão existente entre as posturas pessoais e os costumes que sustentam a vida em comum. Todas essas experiências fornecem um conjunto de balizas indispensáveis para a ‘freqüentação’ dos homens e do mundo e, sobretudo, para o conhecimento de si e o exercício pessoal do julgamento. Esta é a perspectiva da conversação apresentada por Montaigne (filósofo renascentista do século XVI); nela se constroem os círculos de contrapontos, os choques e os contra exemplos entre as nossas convicções e as demais, provocando o ‘atrito’ entre as ideias e as condutas, as circunstâncias e os julgamentos, o eu e os outros.


Dr. Henrique de Oliveira Lee - Departamento de Psicologia UFMT


A ESCRITA DE SI, UMA CONVERSA ENTRE AUSENTES?


“O que os outros são para o asceta em uma comunidade, o caderno de notas será para o solitário”, com esta analogia Michel Foucault procura entender o papel da escrita de si dentro da tradição estóica. As motivações e formatos para escrita de si certamente estão sujeitas a variações históricas e culturais, entretanto, o problema da alteridade implícita nesta modalidade de escrita permanece uma constante. No autorretrato do escritor japonês Yukio Mishima, Sol e aço, publicado em 1968, encontraremos algumas formulações acerca da diferença entre o tipo de comunicação que se dá em grupos marciais através da presença corporal e do tipo de comunicação proporcionada pela Literatura. A escrita será vista como a simulação da presença de uma alteridade, um artifício que serve para comunicar “a partir da solidão de um recinto fechado até a solidão de outro recinto fechado”, em contraposição a comunicação feita em presença física nos grupos marciais, que será vista, paradoxalmente, como “um conceito de incomunicável de sofrimento compartilhado, um conceito que em última análise nega o uso das palavras para tudo.” Tais formulações presentes no autorretrato de Mishima serão articuladas a elementos da crítica da teoria do signo empreendidas pelo filósofo Jacques Derrida, sobretudo, a conhecida crítica da metafísica da presença. Para o filósofo, a escritura seria toda inscrição durável e institucionalizada de signos, portanto, se a escritura se caracteriza pela sua espacialização e sua temporalização, ela necessariamente aponta para elementos ausentes, que se constituem no intervalo (espaço-temporal) entre a emissão e a recepção da mensagem escrita. Retornar às formulações presentes no autorretrato de Yukio Mishima munidos da ideia de que toda escritura necessariamente aponta para elementos ausentes nela mesma, possibilita-nos levantar perguntas quanto ao sentido e o estatuto da alteridade nas escritas de si. Se o autorretrato revela o modo como um autor constrói uma imagem de si mesmo, nossa pergunta é, antes, pelo espelho (que aqui será o equivalente de alteridade) no qual o autor se mira para retratar a si mesmo.

09 de maio, quarta-feira, 14h300min às 17h00min.

3ª CONVERSA: AMBIENTES INAUDÍVEIS E MOVIMENTOS LÁ DENTRO


Dr. Marco Bastos – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação Escola de Comunicação e Artes ECA-USP


A NATUREZA DA CONVERSAÇÃO EM BYTES ELETRÔNICOS: O JARDIM DAS DELÍCIAS.
A comunicação digital trouxe uma nova dimensão à antiga arte da conversação. Limitando os canais da comunicação à interação textual, visual ou oral, as conversas encenadas por bits eletrônicos emergem da interação entre emissores e receptores isolados. Essa condição altera algumas estruturas fundamentais da conversação, a saber: a ordem da interação; o retorno simultâneo; os controles visuais e a temporalidade da conversa, fornecendo com isso as condições ideais para um jogo comunicacional desviante. De uma perspectiva histórica, o jardim das delícias eletrônicas é uma radicalização da escrita epistolar, modalidade conversacional que rompeu a aceitação ou recusa da comunicação baseada na presença corporal. O resultado é um texto que ultrapassa a extensão da presença e termina por controlar a sedução da comunicação. Isolados na leitura de textos digitais, a comunicação em bytes eletrônicos faz com que os usuários, expostos à sua própria imaginação, seduzam a si mesmos.

Dr. Luiz Carlos Iasbeck Programa de Pós-Graduação em Comunicação/Programa de Pós-Graduação lato sensu em Comunicação Organizacional Universidade Católica de Brasília (UCB)


A CONVENIÊNCIA E A DEMÊNCIA NAS RELAÇÕES COMUNICACIONAIS NAS ORGANIZAÇÕES.


Comunicação é um processo complexo que começa na percepção e termina na resposta. Não é apenas divulgação, como querem os marqueteiros e administradores que estudaram comunicação como “instrumento do marketing”. É um processo de troca de informações que, como todo processo, tem início, meio e fim. As trocas comunicativas têm por objetivo o entendimento ou a compreensão; ou seja, o estabelecimento de algo em comum. Partem, portanto, das diferenças, o incomum. Entretanto, não é objetivo da comunicação eliminar diferenças, mas criar condições de conviver com elas. As afinidades, tão propaladas pelas pessoas “do bem”, não são senão resultados parciais de um processo comunicativo que não cessa de se repropor no tempo. Não são definitivas as afinidades, assim como são as diferenças. As relações comunicacionais precisam, então, ser pautadas por dispositivos de tolerância capazes de proporcionar o assédio das inconvenientes diferenças. Tais dispositivos se justificam pela necessidade de convivência, mas camuflam e deixam latentes explosões e implosões de intolerância que trazem problemas e geram rompimento de vínculos. Convivem assim, produtivamente, nas organizações, conveniências e demências, constrangimentos que não suportam sinceridades ou espontaneidades. É importante, por isso, revalorizar as virtudes da afinidade fácil diante da imperiosa necessidade de eufemizar diferenças e sublevar conflitos. O verniz social que protege os relacionamentos precisa ser protegido das explosões de sinceridade e de transparência, sob pena de revelar o homo demens que habita a alma do ser político e do homem de boa vontade. 
16 de maio, quarta-feira, 14h30min às 17h00min.


Realização: 

PIBID/CAPES/UFMT – SUBPROJETO DA LICENCIATURA DA LÍNGUA PORTUGUESA 
PROF.ª DENIZE DALL’ BELLO

Apoio financeiro:

PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO COORDENAÇÃO INSTITUCIONAL DO PIBID/CAPES/UFMT– EDITAL/2009 - REITORIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - FAPEMAT (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso)






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